quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Mídia e violência contra a mulher

A imprensa brasileira tem lado e tem dono. Infelizmente não está do nosso lado, especialmente nos casos que dizem respeito à violência, e mais especificamente aos casos de violência contra as mulheres ou outros seres considerados minorias. Na abordagem de crimes contra a mulher, em nenhum momento se houve falar da falta de segurança pública, da ausência de políticas públicas e da não implementação da Lei Maria da Penha, sancionada há mais dois anos e até agora, sem nenhum avanço.

Entre os recentes crimes cujas vítimas são mulheres, o mais emblemático e que tem mobilizado a mídia brasileira é o desaparecimento/assassinato da estudante Elisa Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno, do Flamengo. Amplamente divulgado. Outro caso, sem nenhuma ou quase nenhuma veiculação na mídia, é o do estupro de uma adolescente por parte do filho do dono da RBS, Sérgio Siroski. Aliado a falta de critério na divulgação das matérias envolvendo violência, sobra ainda o preconceito histórico contra as mulheres violadas. Ou são santas, e por isso não merecem sofrer, ou são malditas, e merecem sofrer.

Outro crime que chocou o Brasil foi o assassinato de uma advogada de São Paulo, Mércia Nakashima, cujo corpo foi jogado, junto com o carro, dentro de uma represa e apareceu boiando em 11 de junho. Ela foi morta com um tiro no rosto, pelo ex-namorado, inconformado com a separação.

Toda essa miséria humana nos leva a perguntar: o que está sendo feito para proteger as mulheres? A Lei Maria da Penha, sancionada pelo presidente Lula há cerca de dois anos, continua linda e perfeita, mas apenas no papel. As mulheres continuam sendo assassinadas, estupradas, espancadas, sem que nada seja feito. Na prática, tudo continua como antes, com a diferença de que hoje as mulheres carregam a esperança de que alguma coisa aconteça, a começar pela implementação da Lei Maria da Penha, o que significa, minimamente falando, da criação de delegacias especializadas de proteção à mulher.

Maria Helena de Moraes
Secretária Geral do Centro dos Direitos Humanos de Jaraguá do Sul/SC

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